Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho.

Cada momento mudei.

Continuamente me estranho.

Nunca me vi nem achei.

De tanto ser, só tenho alma.

Quem tem alma não tem calma.

Quem vê é só o que vê,

Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,

Torno-me eles e não eu.

Cada meu sonho ou desejo

É do que nasce e não meu.

Sou minha própria paisagem,

Assisto à minha passagem,

Diverso, móbil e só,

Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo

Como páginas, meu ser.

O que segue não prevendo,

O que passou a esquecer.

Noto à margem do que li

O que julguei que senti.

Releio e digo: «Fui eu?»

Deus sabe, porque o escreveu.

Fernando Pessoa

Lunático como só ele... é das “Pessoa’s” que mais gosto de ler, não fosse ele a Pessoa em que ao ler me revejo a cada letra, sem nunca o conhecer...

Boa Noite...

Não me apresento porque não será de bom-tom fazê-lo num sítio destes... e porque perderia metade da graça saberem quem sou, pelo menos para já...

Começo aqui, hoje, a debitar letras sem nexo porque é um bom dia para o fazer, aliás como outro dia qualquer também o seria.

Mas hoje, é um dia especial! Hoje é o ontem de amanhã e o amanhã de ontem, logo não poderia deixar passar este dia, tão especial, para me iniciar nesta experiência...

Como todas as experiências, que surgem pela primeira vez, está a ser um momento difícil, com incertezas, medos, hesitações, questões inesperadas, receios involuntários... mas a primeira é sempre a primeira vez... e tem mesmo de assim ser... senão... não o seria.

Não prometo grandes textos e muito menos belos conteúdos... não vos prometo nada... e como o nada é tudo... acredito que vos prometo alguma coisa... contudo não sou pessoa de falsas promessas e muitas vezes duvido da minha qualidade enquanto pessoa.



Confusos?! Eu estou um pouco... eu sou um pouco... e vocês?